Como escreveu Bob Dylan, a gente dá o melhor pra ser apenas o que somos, mas todo mundo só quer mesmo que a gente seja como todo mundo... E como é que não pira o cabeção desse jeito?!
domingo, 27 de dezembro de 2009
Adeus 2009!
terça-feira, 17 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Minissaia, taleban, Brasil

Passamos pela contracultura, pela defesa dos direitos da mulher, pelos direitos civis, pela ditadura e não aprendemos nada.
Botar as pernas de fora já foi símbolo de emancipação, do mesmo modo como quando Chanel colocou calças compridas em mulheres. Usar ou não a minissaia fez parte do empoderamento da mulher. No Brasil, não é mais: virou imoralidade. Ou segundo a Uniban, "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Dia de cão

Pé-de-pato-mangalô-três-vezes!
terça-feira, 27 de outubro de 2009
McDonalds, protesto, Islândia

A Islândia, que a gente conhece mais como o país da Björk, também ficou conhecida como o país que quase faliu com a crise global. Pois se há males que vêm para bem, a crise mexeu com a população, que mexeu as panelas e na “Revolução das Panelas” tirou o governo anterior. Protestar parece senso comum quando não se tem nada a perder...
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Nem riqueza, nem fama
Foi revelado a Ana Clara mais do que ela gostaria de saber. Num instante de descuido, o advogado de Cartagena pegou as mãos de Ana Clara e leu-as.
- Faltam linhas em sua mão, falou o espanhol, como se revelasse algo de muita importância.
- Quais?- perguntou Ana Clara, num tom entre desprezo e curiosidade.
- As da riqueza e da fama, disse o espanhol, sem dó nem piedade.
E num impulso (quem estivesse por ali talvez dissesse que foi por medo), Ana Clara puxou as mãos e deixou o advogado de Cartagena falando sozinho. Que lesse a própria mão e chateasse a si mesmo, pensou ao se levantar.
A brasileira vagou pelas ruas de Paris, quem sabe a Cidade Luz mostrasse algo mais àquela que estava condenada a ser uma pessoa comum. Caminhando, ela olhou para os que estavam por perto e ninguém a notou. Pensou que eram todos “farinha do mesmo saco” e foi desse jeito vulgar que pensou não se reconhecerem por todos estarem incógnitos como gente comum. Talvez fosse a prova do que lhe foi dito.
Não seria rica e nem famosa. Ana Clara então lamentou não ser jamais uma dançarina internacional, nem uma grande cantora ou uma cientista de prêmio Nobel, apesar de não ter talento para nenhuma dessas coisas e nem mesmo tê-las desejado.
Menos inconsolável, ela sentou-se em uma daquelas cadeiras viradas pra rua num daqueles cafés parisienses, também comuns. Montou o quebra-cabeça de sua vida e o que parecia ser desgraça, era destino. Tudo pode ser apagado, mas nunca esquecido. Olhou para as pessoas que passavam pela rua. Não pareciam nem um pouco insatisfeitas em serem apenas o que são. De vez em quando, notou um sorriso no canto dos lábios em algumas daquelas gentes. Teve a idéia louca de perguntar como era levar uma vida ordinária, mas preferiu esperar e ter sua própria experiência.
Algumas horas depois, Ana Clara voltou a procurar o espanhol, agradeceu a leitura esotérica, se desculpou pela fuga e se comprometeu a ser o que sempre seria e o que sempre tinha sido até agora. E percebeu que o desafio era enorme, porque nada impedia uma pessoa comum de ser especial.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Maldade humana
Também não considero a maldade como essência do humano porque dessa forma estaria justificando todas as aberrações da história: holocausto, fascismo, nazismo, inquisição, genocídios.
Não existe preto no branco, mas escalas de cinza, ou seja, pela estrada da vida cada um comete sua maldadezinha de vez em quando (às vezes se arrependem...) ou suas bondadezinhas aqui e acolá. E tem aqueles que se sobressaem por algum motivo (social? Familiar? Cultural?) no jogo de maldades e de bondades na vida. E muitas vezes, como na África do Sul por exemplo, a violência – prima da maldade – é uma defesa contra o esquecimento.
Na África do Sul a polícia foi terceirizada porque a violência assumiu o país. Lá, as pessoas são pobres. Lá faltam “forças da ordem” pra botar ordem na pobreza e por isso começaram a surgir empresas que oferecem o serviço. E o fazem de forma brutal.
Em um documentário da tevê a cabo eu vi um ladrão pego por uma empresa (aí elas o entregam pra polícia) ser espancado à vara lá na África do Sul. O repórter do documentário, quando viu o ladrão com as mãos algemadas para trás, a camisa encharcada de sangue e os olhos esbugalhados de terror e medo depois da surra, perguntou o que tinha aconteci ao chefe da equipe pegou o elemento. “Demos uma lição nele”, disse o chefe. “Mas não é um exagero brutal?”, perguntou o Theroux. “Se a gente dá uma lição neles, eles nunca mais vão roubar”, explicou o chefe. O fato é que a surra não funciona, porque os ladrões continuam surgindo por toda a África do Sul, paralelamente à miséria.
Eu não justifico a violência e esse caso é o extremo do que pode acontecer quando as pessoas não têm mais nada a perder, ou a ganhar. São todas más?
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Coisas simples da vida

domingo, 4 de outubro de 2009
Todavía Cantamos
Todavía Cantamos
Mercedes Sosa
Todavía cantamos, todavia pedimos,
todavía soñamos, todavía esperamos.
A pesar de los golpes que asestó en nuestras vidas
el ingenio del odio, desterrando al olvido
a nuestros seres queridos.
Todavía cantamos, todavia pedimos,
Todavía soñamos, todavía esperamos.
Que nos digan a donde han escondido las flores
que aromaron las calles persiguiendo un destino.
Donde, donde se han ido.
Todavía cantamos, todavia pedimos,
Todavía soñamos, todavía esperamos.
Que nos den la esperanza de
saber que es posible
que el jardin se ilumine con las risas y el canto
de los que amamos tanto.
Todavía cantamos, todavia pedimos,
Todavía soñamos, todavía esperamos.
Por un dia distinto sin apremios ni ayunos
sin temor y sin llanto y por que vuelvan al nido
nuestros seres queridos.
Todavía cantamos, todavia pedimos,
Todavía soñamos,
todavía... esperamos.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Gagueira na hora H
A primeira vez que percebi o problema foi com o marceneiro. Eu precisava de um armário embaixo da pia da cozinha e chamei um marceneiro. E ele veio. E na hora em que abri a porta ele era um deus grego, “phyna” flor da marcenaria. Ele resolveu me fazer muitas perguntas (pra poder fazer o móvel) e eu, gaga, não respondi por inteiro nenhuma delas. Resultado: tiveram de mandar outro marceneiro lá em casa e esse outro não tinha graça nenhuma. O armário ficou pronto em menos de um mês.
Mas a não-entrevista com o padre Fábio de Melo foi um dos piores momentos de todos os meus tempos. A gagueira deixa a gente meio incompetente nessas horas. O padre, perdoem o trocadilho, é divino de lindo. Sorrindo então... é coisa do céu. Na hora de fazer as perguntas não só fiquei gaga como burra. Um colega me salvou, mas a dor moral de ter feito o papelão (ou pastelão?!) teve efeito de ressaca de vodca...
O capítulo mais recente do meu reality show “Eu, uma gaga” foi com um instrutor-gato-da-natação. Ele resolveu conversar comigo. Eu sempre evito isso, mas dessa vez fui pega de surpresa:
- Oi, tudo bem? Você está melhor da sua coluna? A natação está te ajudando em alguma coisa? – perguntou
- Ahan – eu disse, pra evitar qualquer impulso de gagueira
- E os exercícios da academia estão de ajudando? – insistiu
- Claro – eu disse, entrando em pânico e sentindo a gagueira surgindo nas veias
- Você ainda tem dor? – continuou perguntando
- De-depende do exercício – eu disse, já com a gagueira iminente
- Qual exercício? – insistiu!
- Le-leg press – eu disse, pensando “Meu Deus, será que ele vai insistir nisso?”
- Olha só – falou o cara, já tirando a camisa (pra mostrar a posição certa da coluna na hora de fazer o tal movimento) e mostrando toda a beleza do tipo "ô lá em casa"
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Ah, mundo moderno...
Li e precisava mostrar isso (se não acreditar é só clicar no link):
Eu, Mustapha Kessous, jornalista do "Le Monde" e vítima do racismo
Brice Hortefeux tem um grande senso de humor. Sei disso, ele me fez uma piada um dia. Quinta-feira, 24 de abril de 2008. O ministro da Imigração e da Identidade Nacional iria me receber em seu majestoso gabinete. Um encontro para falar das greves dos "sem-documentos" [estrangeiros em situação irregular] nas empresas. Eu nunca o havia encontrado. Estou esperando com minha colega Laetitia Van Eeckhout no palácio do governo. Brice Hortefeux chega, me estende a mão, sorri e diz: "Você está com seus documentos?"
Três meses depois, 7 de julho, dia de meu aniversário de 29 anos. Estou cobrindo o Tour de France. Preparo um artigo sobre as pessoas que moram na beira das estradas. Sobre o asfalto molhado perto de Blain (Loire-Atlantique), me aproximo de uma família empolgadíssima com a passagem da caravana, para conversar. "Com você eu não falo", me lança um jovem de vinte e poucos anos. Ao meu lado, meu colega Benoît Hopquin não encontra nenhum problema para conversar com essa "França profunda". Mais tarde ele me contou que, depois que nós nos identificamos, uma funcionária da organização o chamou para saber se eu era seu... chofer.
Eu pensava que minha "qualidade" de jornalista do "Le Monde" iria finalmente me preservar de meus principais "defeitos": ser um árabe, ter a pele escura demais, ser um muçulmano. Eu achava que minha credencial de imprensa me protegeria dos comentários de pessoas obcecadas pelas origens e pelas aparências. Mas qualquer que seja o assunto, o ambiente, a população, os preconceitos persistem.
Falo muito sobre isso com meus colegas: eles mal acreditam quando lhes descrevo esse "apartheid mental", quando detalho as pequenas humilhações sofridas quando estou fazendo uma reportagem, ou no dia a dia. Para quê me apresentar como jornalista do "Le Monde", se não acreditam em mim? Alguns não hesitam em telefonar para a o jornal, para avisar que "um tal de Mustapha tentou se passar por jornalista do 'Monde'!"
Faz muito tempo que não digo mais meu nome quanto me apresento pelo telefone: é sempre "Sr. Kessous". Desde 2001, quando me tornei jornalista, na redação do "Lyon Capitale" e depois na do "Le Monde", "Sr. Kessous" soa melhor: nem imaginam que o repórter é um descendente de árabe. O grande rabino de Lyon, Richard Wertenschlag, me confessou, com um sorriso: "Eu achava que o senhor era da nossa comunidade".
Tive de amputar parte de minha identidade, tive de apagar esse nome árabe de minhas conversas. Dizer Mustapha é correr o risco de ver seu interlocutor se recusar a falar com você. Às vezes digo para mim mesmo que estou sendo paranoico, que estou enganado. Mas isso aconteceu tantas vezes...
Quando entrei no jornal, em julho de 2004, fui para a ilha de Barthelasse, perto de Avignon, para cobrir uma notícia. Um menino havia sido assassinado com uma machadinha por um marroquino. Fui até a casa onde se passou a tragédia, bati à porta, e o primo, de cinquenta e poucos anos, que tentou reanimar a criança ensanguentada, me olhou friamente dizendo: "Não gosto dos árabes". Por fim, ele me recebeu em sua casa.
Pensavam que o assassino havia fugido do hospital psiquiátrico da vizinhança: liguei para a direção, e falei com a responsável: "Bom dia, é Kessous do jornal 'Le Monde'...." Ela disse que me receberia com prazer. Quando cheguei lá, a secretária lhe avisou de minha presença. Uma mulher de muletas passou na minha frente, eu lhe abri a porta, ela me encarou sem dizer bom dia nem obrigada. "Onde está o jornalista do 'Le Monde'?", ela disse. Bem atrás da senhora, eu me apresentei.
Na hora achei que essa diretora iria desmaiar. Ainda sem um bom-dia. "O senhor está com sua credencial?", ela me perguntou. "O senhor tem um documento de identidade?" "Da próxima vez, senhora, peça para que lhe enviem por fax a minha ficha criminal, assim ganhamos tempo", eu respondi. Fui embora, claramente irritado, me sentindo impotente, antes de ser detido mais adiante pela polícia que acreditava ter... encontrado o suspeito.
(...)
Tenho tantas histórias como essa para contar. De mim, falam que sou de origem estrangeira, um árabe, ralé, islamita, delinquente, um selvagenzinho, um "árabe burguês", um filho da imigração... Nunca um francês, simplesmente francês.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Fome... de poesia
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.
Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.
Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,
Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.
(Sophia de Mello Breyner)
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Coração partido
Você me perguntou outro dia quando corações partidos voltam a ser inteiros. A verdade é que eu não sei. De uma hora pra outra, um coração partido se vê inteiro, mas nunca o inteiro de antes, um inteiro com mil retalhos, com cara de outro coração. Corações partidos rondam por aí, muitos incógnitos e outros nem tanto, mas nesse nosso planeta, de cabo a rabo, do Alasca ao Zaire, de cada dez pessoas, dez terão seus corações partidos em muitos momentos de uma existência inteira. E desses dez, dez terão seus corações inteiros de volta na mesma existência. Então, corações partidos nunca estão sós. Todos os dias, compartilhamos nossas dores partidas com milhares de desconhecidos e o mais interessante é que são dores únicas e que nos fazem parecer únicos. E todos os dias, milhares de outras pessoas compartilham sua inteireza, uns com generosidade e outros nem tanto.
O fato é que nessa vida não temos momentos só de inteireza ou não estamos o tempo todo partidos. E os momentos de inteireza ou partidos não são privilégio de ninguém, estamos todos sujeitos a um e outro pelo resto de nossa existência. E a notícia mais chocante é que nossos corações ficam partidos e inteiros muitas vezes em uma mesma vida e ficar partido vai doer, sempre. A boa notícia é que sempre voltamos a ser inteiros, mas não tem regra e nem tempo. Então, tenha paciência, sua inteireza está dentro de você. Mas um coração partido não pode ser ignorado, precisamos passar junto com ele todos os momentos partidos. Ou então, ele nunca deixa de estar partido...
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Obsessão do momento

segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Morte e vida severina
Na empreitada sórdida morro acima, Seu Adelson, que já procurava seu filho há alguns dias, reconheceu um corpo com as roupas de Adilson, de 18 anos, que namorava uma jovem do Juramento. Só reconheceu as roupas, porque o rosto foi desfigurado por uma tonelada de tiros. Nessa hora, pensei que azar também pode significar morte e Adilson foi vítima do azar de ter nascido pobre, morar na comunidade Furquim Mendes - dominada por uma facção criminosa rival à que atua no Juramento – ter sido confundido com alguém da quadrilha rival, ser executado e ter seu corpo infamemente jogado em um matagal no meio de um morro.
“O coração de pai não vai enganar”, desabafou o pai, achando ter tido sorte encontrar um corpo para enterrar.
Que vida mais severina...
“E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida). “
(João Cabral de Melo Neto)
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Silêncio

Pensei nisso enquanto recebia uma bela massagem na manhã ensolarada do domingo passado. Eu, no meu silêncio original, a cabeça à mil com todos os meus pensamentos descontrolados e em certo minuto o massagista disse: “Olha, você pode falar quando quiser tá?!”. Tá. Mas era o meu silêncio. Às vezes eu preciso disso.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Vival el pueblo

"(...)La historia es nuestra y la hacen los pueblos (...) Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor (...)", disse.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Breaking news
- O juiz espanhol Baltazar Garzon - que condenou Pinochet por crime contra a humanidade - está sendo julgado por investigar o desaparecimento de dezenas de milhares de pessoas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e a ditadura do general Francisco Franco. Se perder, deixa de ser juiz
- Governo francês recomenda suspender os beijos no país para evitar Gripe A. Pouca gente anda atendendo à recomendação
Pra onde vai esse mundo, minha gente?!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Tempos de delicadeza...

No fim da noite, a moça morena olha para o dono do café e pergunta:
- Por que você guarda todas essas chaves dentro de um vaso?
- As pessoas as deixaram aqui e nunca vieram buscar
- Me conte alguma história dessas chaves.
- Escolha uma
A moça morena pega a chave com uma abelha de pelúcia como chaveiro e entrega para o dono do café.
- Essa aqui era de um jovem casal que imaginou passar a vida inteira juntos
- E o que aconteceu?
- Vida
- Como assim?
- A vida passou e mudou tudo. Só isso
.......................................................
A moça morena pergunta para o dono do café o que faz as pessoas deixarem as outras.
- Ás vezes é melhor não saber e outras vezes não há razão nenhuma. É como bolos e tortas. Todas as noites eu tenho aqui cheesecakes e a torta de blueberry. E no final da noite sempre sobra uma torta de blueberry inteira.
- O que tem de errado com ela?
- Nada. Ela simplesmente não foi escolhida...
.......................................................
A moça russa pára em frente ao café e procura o homem.
- Por que você veio aqui?
Ela não responde, mas pergunta:
- Você ainda guarda todas aquelas chaves?
- Eu guardei pensando no que você disse uma vez sobre “deixar as portas abertas”. O único problema é que mesmo quando as portas estão abertas não significa que vá encontrar a mesma pessoa de antes...
Os diálogos tão delicados são do filme “Um Beijo Roubado”, com Norah Jones e Jude Law.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
A vida é dura

Então, por tudo isso, é bem explicável que eu pareça mais jovem que C.C. Minha batalha diária se resume a resolver minha insatisfação filosófico-existencial. Tudo isso me faz lembrar do diálogo que li num livro sobre duas filósofas francesas contemporâneas: Simone Weil e Simone de Beauvoir. Na Faculdade de Filosofia, Beauvoir e Weil discutiam a Revolução. Beauvoir dizia que a solução para uma nova sociedade era “encontrar um sentido para a existência" e nesse momento Simone Weil retrucou: “Bem se vê que você nunca passou fome”. Boa resposta.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Cadê o Woodstock da minha geração?

Pois às vezes fico esperando algo inesperado e louco acontecer pra mudar alguma coisa, um efeito borboleta qualquer, nem que seja em uma parte remota do mundo, um minuto do pensamento. E fico imaginando que há 40 anos umas 300 mil pessoas se jogaram na lama, no calor da liberdade e da contracultura pra ouvir Joan Baez, Santana, Jimi Hendrix, Joe Cocker, Janis Joplin. Pois não é que eles mudaram uma geração? E a gente, somos capazes de mudar nossa apática-insatisfeita-geração?
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Sem cair no poço

Pois quando eu era criança contava quantas vezes tinha perdoado alguém (porque a culpa não era minha nunca né) pra ver se chegava nas contas de Cristo (não foi ele quem falou pra perdoar 70 vezes 7 vezes?) e não chegava... Mas quando a gente cresce, descobre que difícil, mas difícil mesmo é perdoar-se, porque no fundo, nosso mundo exige uma perfeição que ninguém nunca vai ter, até porque o mundo é perfeito à maneira de sua imperfeição... E que afinal, não se trata de culpa, mas de responsabilidades a assumir...
terça-feira, 21 de julho de 2009
Máquina da independência

quarta-feira, 15 de julho de 2009
Meu dom oriental

A propósito: o nome do mocinho do filme é Takeshi Kaneshiro, o pai dele é japonês e a mãe de Taiwan.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Coisas que...
- Dado-uns-pega-no-windsurfista-gato de Jericoacoara que passou quatro dias se jogando pra cima de moi (e eu não fiz nada, porque eu sou mané dimaisdaconta)
- Dizer pra Luciana do 1º ano que além de metida, ela era gorda dimaisdaconta, pra ver se ela parava de me sacanear. Isso teria evitado vários traumas na adolescência
- Jogado o meu chapéu de formatura na colação de grau da UnB o mais alto que pudesse. Eu não joguei porque fiquei com medo de perder o chapéu e ele era alugado. Pois até hoje eu penso naquela cena
- Ter dito pra M. que ela é uma doida-cuspida-gorda-sem-noção, então vai cuidar da sua vida
...Fiz, mas podia não ter feito...
- Aberto a porta do carro em movimento quando eu tinha 7 anos e o carro quase me matou. Teria evitado uns traumas na família
- Trancado a minha irmã mais nova no quarto. Era só de maldade mesmo, mas até hoje eu tenho pena dela...
- Chamado o dep de burro, porque ninguém nasce sabendo e me custou caro...
- Ter sido tão insolente e arrogante em muitas situações. Ainda bem que a gente aprende errando.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Mulher moderna
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Coisas

quinta-feira, 2 de julho de 2009
Da série “Ideias bizarras porque é real” (pois o mundo é duro...)
- Geração Nem-Nem (Nem Estuda Nem Trabalha): Segundo pesquisa espanhola, só 40% dos universitários têm um trabalho de acordo com seus estudos. “Para os jovens não é emocionalmente rentável se comprometer com um projeto de vida definido porque pensam que estariam submetidos a vai-vens contínuos e que dificilmente chegariam a um lugar seguro”. Então eu sou Nem-Nem...
Da série “Ideias Suecas”

- As suecas, que não podiam fazer topless, agora podem. A terceira maior cidade da Suécia decidiu que as garotas podem tomar banho de topless na piscina. A conclusão foi que não seria correto obrigar as moças a cobrir os seios, já que não há qualquer regra sobre o que os homens devem usar quando estão na piscina.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Tempo, tempo, tempo

Sobrando tão pouco tempo no mundo, luxo mesmo é ficar sentado na grama, sob a luz do sol da manhã, desconhecendo qualquer tempo e aproveitando o silêncio de não fazer nada a não ser ter tempo...
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Dentro do contexto

Mas ontem finalmente entendi o drama de Lorena (fiquei íntima). O ex-marido, além de bater, depreciava a mulher verbalmente todos os dias. Era um inferno cotidiano a vida dela. Na noite em que ela cortou o pênis dele, ela tinha sido estuprada pelo companheiro. Depois só viu pela frente os insultos e surras que havia recebido durante tanto tempo. Não hesitou e cortou o dito cujo do homem com uma faca de cozinha. Cortou, jogou fora e saiu dirigindo pela cidade com a faca nas mãos.
O mais impressionante, porém, foi ela admitir que vivia um ciclo perverso: o da vítima de violência doméstica. “Eu tinha medo de ir embora, além disso, ele dizia que ia mudar e eu acreditava nele, acreditava que podia salvar meu casamento”, contou. A Oprah perguntou se hoje ela faria algo diferente. “Nunca teria me casado com ele”, disse, com a certeza de quem fechou um ciclo.
O ex-marido fez filme pornô (reimplantaram o órgão dele) e outras mediocridades artísticas. No ano passado, mandou cartão de Natal. “Vocês mantêm uma relação cordial?”, perguntou a Oprah. “Você está louca?! Eu não quero vê-lo na minha frente nunca mais!”, respondeu Lorena, que é casada há 14 anos, tem uma filha de 2, e faz parte de uma ONG que ajuda mulheres vítimas de violência doméstica.
E a vida segue...
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Au revoir
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Telessexo a baixo custo

Ou seja, a essa altura, com certeza, em qualquer outro lugar do mundo dos "países emergentes” tem alguém fazendo o que você faz ganhando menos da metade do que você ganha.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Tarzan

Agora entendo as pessoas que têm surtos psicóticos no decorrer da existência. Elas não gritaram alto, um grito que vem de dentro do estômago pra tirar aquele nó da garganta, o vazio no peito, a confusão dos pensamentos que se apossam delas. Elas aceitaram todas as cobranças do mundo sem pestanejar. Nem um gritinho. Nada. Aí, olha só o que acontece: dor na coluna, dor no dente, dor no estômago dor de cabeça, dor de viver! Ai!
“Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo”
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Poema weekend
Instantes
Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio
(Sophia de Mello Breyner)
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Sou jornalista, quem dá menos?

A liberdade de imprensa pressupõe responsabilidade e não a falta do diploma para existir. O fato é que agora milhares de jornalistas estão órfãos de sua profissão e se perguntando por que passaram quatro anos em uma universidade para se graduar em uma profissão que não precisa de diploma algum.
Guardo lá em casa meu diploma de Bacharel em Comunicação com habilitação em Jornalismo, aliás sempre achei bem bonitinha essa designação. Agora ela é só bonitinha mesmo, porque sua função se foi com os votos do Supremo, assim como se foram meus sonhos de dignidade quando dizia Sou Jornalista. Só que agora eu não posso ser o que quiser (pra isso eu tenho que ter graduação em uma profissão), mas qualquer um pode ser o que eu sou...
Então essa é uma boa hora pra mudar de profissão, já que ela não existe mais.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
O Amapá não existe em SP
Dúvida que não quer calar: quem faz a escolha dos livros de São Paulo?
a) um americano
b) o inventor do WAR
c) um cego
de) um ex-participante do Show do Milhão
terça-feira, 16 de junho de 2009
Vem cá cintura fina, cintura de pilão

Não que ela tenha cintura de ovo, mas ela sempre quis ter de violão. Desde criança ela me ensina truques pra ter a-que-la cinturinha, mas o fato é que eu nunca vou ser uma Scarlett Johansson em termos de cintura (e nem de todo o resto).
Houve época em que minha mãe usou a técnica do cabo de vassoura junto com alongamento lateral (época Jane Fonda). Ela acordava cedo todo dia e ligava a tevê no canal 2 pra fazer a ginástica com o cabo de vassoura. Depois veio a fase do exercício da rotação, rodando o tronco com as pernas abertas e a mão na cintura,de um lado pra outro, mil vezes por dia. Ainda teve o período das “pences”nas roupas pra iludir o olhar.
Eu já sou trintona e a minha mãe continua obcecada pela cinturinha. Dia desses, ela me confessou que tinha comprado uma cinta do Tevêshop. Ela é viciada em Tevêshop e uma propaganda a convenceu depois de um depoimento muito mal dublado de uma gordinha que dizia: “Estou vestindo dois números a menos!”. Foi batata, ela comprou a cinta.
Animada, ela foi trabalhar vestida de cinta, sonhando com sua cinturinha de vespa. Minha mãe é professora de Geografia e durante a primeira aula, se achou fantástica. Na segunda aula sentiu um desconforto, mas pensou que era uma vantagem vestir dois manequins a menos. No intervalo não conseguiu conversar sentada com ninguém, o ar já lhe faltava, porque a cinta até diminuía os dois números, mas para isso acontecer apertava até o pensamento. No meio da terceira aula saiu correndo para o banheiro e com uma mistura de ira e desespero desabotoou a cinta, passou na sala dos professores e jogou-a no armário. Voltou para a sala de aula leve e feliz.
O problema é que quando ela jogou a cinta no armário passou um outro professor que testemunhou toda a cena e a cinta virou lenda. Como disse a minha mãe, a cinta afina a cintura e o juízo. Antes ter cinturinha de ovo do que cabeça de vento. E eu tô rindo até agora...
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Traseiro em choque

sábado, 6 de junho de 2009
O Bill e a imprensa
Preferi quando divulgaram que o corpo havia sido encontrado morto à declaração de que “uma corda estava presa em torno do seu pescoço e uma outra em seu órgão sexual. As duas estavam ligadas uma à outra e penduradas no armário". Segundo o general Worapong Siewpreecha da Polícia Metropolitana de Bangcoc, “nestas circunstâncias, não podemos estar seguros de que tenha cometido um suicídio, pois ele pode ter morrido (em um acidente) de masturbação".
A questão é: será que o mundo inteiro precisava saber disso mesmo?
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Quando eu crescer quero ser Mosuo

1) A vida sexual dos Mosuo é muito ativa: elas trocam de parceiro com frequência. Mas as mulheres decidem com quem elas querem passar a noite.
3) Se uma mulher se apaixona, ela recebe apenas aquele homem específico, e o homem só vai para falar com aquela mulher.
5) As mulheres Mosuo não estão interessadas em se casar ou constituir uma família com um homem. Quando o amor acaba, então tudo está acabado. Eles não ficam juntos por causa dos filhos ou por causa do dinheiro ou outro motivo qualquer.
domingo, 31 de maio de 2009
Tudo passa

quinta-feira, 28 de maio de 2009
Da série "Pra morrer de rir"

quarta-feira, 27 de maio de 2009
Descoberto o mecanismo da chatice
O caso da Sra. Gino era espetacular. Ela era chata como um bêbado inconveniente, nunca sabia a hora de parar. Era uma chateação constante em casa, no trabalho, com os vizinhos, no supermercado e até na cama, com o marido, porque amante nenhum suportaria mulher tão insuportável. O problema é que a Sra. Gino contagiava os outros com sua chatice e isso sim era insuportável.
Nem mesmo a etiqueta social podia agüenta-la. Épocas de festas, aniversários e afins de conhecidos e parentes eram desesperadoras (para os conhecidos e parentes, claro). Convites tinham apenas o nome de Dr. Gino, um recado explícito para que deixasse sua desagradável mulher em casa. E se a tal comparecia (de vez em quando algum bom samaritano com crise de consciência a convidava), havia sempre um cantinho bem escondido para acomodá-los, pelo bom andamento da festa.
É muito difícil definir a chatice. O que pode ser dito é que ela se torna um estado permanente em alguns seres que se arrastam pela existência a chatearem o próximo sem se importarem com isso. Quem nunca teve um amigo chato, que atire a primeira pedra. Chato é aquele que manipula a conversa no bar com histórias insuportáveis de feitos impossíveis e que ninguém agüenta mais ouvir. Chato é aquele que NINGUÉM quer dar carona. Chato é aquele que nunca se anuncia para não atraí-lo...
Pois a Sra. Gino era tudo isso e muito mais. Ela era tão chata que no sexo sempre pedia rapidez porque tinha de acordar cedo, nem fingia mais o gozo para não se atrasar e depois do ato ainda fazia cara de quem comeu bolacha cream cracker amanhecida há três dias.
Com tal mulher em casa, Dr. Gino, cientista de boa reputação internacional e uma séria intenção, resolveu pesquisar o mecanismo da chatice. Foram quase 30 anos de investigação e milhares de dólares gastos, porque, ao que parece, chatice é uma questão de saúde pública. A descoberta levou Dr. Gino, um homem de meia-idade bastante carismático, ao fundo da questão: não era a genética e muito menos a educação que criavam a chatice, mas o próprio indivíduo.
A chatice, escreveu em seu artigo publicado na revista Human Nature, referência mundial em descobertas comportamentais, era um sistema de defesa que, assim como os glóbulos brancos no organismo, defendiam o ser humano dos ataques. Mas a chatice, descreveu, era uma falha, uma doença autoimune.
A pesquisa de Dr. Gino causou comoção na comunidade científica internacional, o que lhe garantiu convites para universidades conceituadas e investimentos em futuros trabalhos. Empolgado com o sucesso repentino, certo dia, Dr. Gino chegou em casa e preparou o jantar, comprou um bom vinho, encomendou a sobremesa e na hora do cafezinho pediu o divórcio depois de 30 anos de casado. Afinal, já tinha descoberto o mecanismo da chatice da mulher e a culpa não era dele...
terça-feira, 26 de maio de 2009
Horóscopo sucks

sábado, 23 de maio de 2009
Natal ideológico

- Mas ainda estamos em maio...
- Então, o bom é que ainda temos tempo de criar
- Eu achei que você fosse comunista...
- E daí?
- Pelo que eu saiba Karl Marx não acreditava em Deus... e nem você
- Mas pode ser um cartão de natal ideológico!
- Ah, e diríamos o quê: “Trabalhadores do mundo, Feliz Natal!” ou então “De pé ó vítimas da fome! Feliz Natal!”
- Não, poderia ser uma mensagem positiva de natal, pra ajudar as pessoas a enfrentar o fantasma da crise que ronda o mundo
- Se você quisesse fazer um cartão de 1º de Maio eu entenderia, o que eu não entendo é porque tem de ser o natal
- É porque 1º de Maio já passou e eu quero o de natal
- Mas no natal o que comemoram é o nascimento de Cristo
- Quem inventou isso foram os cristãos
- Sim, e é por isso que eles comemoram...
- Eu posso desconstruir o conceito de natal e tirar esse quê mercadológico e fetichista
- Não, não pode. Natal é natal, não adianta forçar a barra
- Afinal, você está contra ou a favor?
- Eu só estou questionando. Vem cá, de onde você tirou essa idéia?
- Um colega de trabalho me mostrou o cartão de Natal que ele fez no ano passado e distribuiu para os amigos por email
- E era ideológico?
- Claro que não, só tinha um trecho de poesia que ele escreveu
- E você resolveu imitar por quê?
- Porque eu falei pra ele que eu poderia fazer muito melhor
- E o que você ganharia em fazer um cartão de natal melhor do que o dele???? Você por acaso acabou de sair do jardim de infância?! E pelo que eu saiba você nem poeta é...
- Mas eu posso fazer um cartão ideológico, sem poesia...
- Essa é uma das ideias mais ridículas que já ouvi vindas de você
- Tudo bem, mas você vai me ajudar ou não a pensar num cartão de natal?!
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Meus grandes amores...

Pablo Neruda e Matilde Urrutia
Eles se conheceram em 1946, voltaram a se encontrar em 1949 e nunca mais se largaram. Neruda era casado, mas amou Matilde e Matilde o amou ainda assim. Poucos anos depois, o poeta se separou e pediu licença à lua para casar-se com Matilde. Em 1959, ele escreveu Cem Sonetos de Amor, todos dedicados a Matilde. Ele morreu em 1973, de câncer, e um tempo antes escreveu um dos versos mais bonitos que já li, e era para Matilde: “Foi tão bom viver enquanto tu vivias...”
Mario Benedetti e Luz López Alegre
Ele conheceu Luz em 1937, quando tinha 17 anos. Casaram-se em 1946 e segundo ele, era uma vantagem e um investimento ter uma esposa com nome tão iluminado... Ela o acompanhou durante os 12 anos de exílio, fugindo da ditadura militar no Uruguai. Anos depois, Luz esquecia-se de apagar as luzes de casa, tendo a certeza de que apagava... já estava com Alzheimer...Benedetti cuidou de Luz até 2006, quando ela partiu. No último domingo, ele se foi também.
José Saramago e Pilar del Rio
Pollyannando...

"Devo encontrar a mim mesmo de novo. Alguns homens parecem encontrar seu destino desde cedo, crescendo naturalmente e com poucas mudanças em direção ao que virão a ser. Mas eu não tenho idéia do que serei ou farei daqui a um mês.
Toda vez que tentei ser algo, fracassei; foi somente ao vogar com o vento que me encontrei, e que mergulhei alegremente em um novo papel. Descobri que só me sinto feliz ao trabalhar intensamente em algo de que gosto.
Nunca me detive por muito tempo em algo que não me agradasse; e agora nem poderia fazê-lo, ainda que quisesse; por outro lado, há bem poucas coisas que não me dão prazer, nem que seja apenas a novidade da experiência.
Amo as pessoas - exceto as esnobes de barriga cheia - e me interesso por todas as coisas novas, velhas e belas que são criadas. Amo a beleza, o acaso e a mudança, não mais tanto no mundo exterior, porém muito dentro de minha mente. Suponho que sempre serei um romântico. "
terça-feira, 19 de maio de 2009
Aventura em Barcarena

Em 1993, eu estava de férias em Belém e Vovó Neném chegou com a novidade: íamos para Barcarena.
- Barcarena?
Vovó explicou que era um lugar idílico do Pará, uma cidade de praia. Praia? De rio, claro. E explic

Lógico que não foi bem assim. Até a parte da balsa, tudo lindo. Foi quase como a abertura da novela Pantanal sem a Isadora Ribeiro (só que no caso era na Amazônia). Teve boto (não era cor-de-rosa), papagaios, natureza exuberante.
Aí a lindeza acabou. Foi só pedreira mesmo, porque descobri que o ônibus até Barcarena não passava por estrada de asfalto (porque ela não existia...), passava por uma clareira aberta no meio da floresta. Mas o pior era o ônibus em si, que lembrava, sinceramente, aqueles dos filmes do Indiana Jones cobertos por tanta poeira que mal se viam. Lá dentro tinha tudo, galinha, criança chorando, porco, cachorro, menos lugar pra sentar.
Entre trancos e barrancos (literalmente), o ônibus chegou a Barcarena. E Barcarena não era um lugar idílico. Tinha uma rua principal e algumas casas, todas iguais. E a praia. Me explicaram depois que as casas pertenciam a uma empresa que extraía alumínio da região, porque, claro, pelo menos nessa época eu imagino que convencer alguém a morar em Barcarena só oferecendo o impossível. Bem, Barcarena cresceu, está como a foto e até virou pólo turístico.
Hoje eu confesso: não foi divertido ir pra Barcarena. Mas eu nunca falei pra Vovó. Essas seriam as últimas férias que passaríamos com ela. E foi uma aventura...
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Poetas nunca morrem

Vida longa a Benedetti!
En Pie
Sigo en pie
por latido
por costumbre
por no abrir la ventana decisiva
y mirar de una vez a la insolente
muerte
esa mansa
dueña de la espera
sigo en pie
por pereza en los adioses
cierre y demolición
de la memória
no es un mérito
otros desafían
la claridad
el caos
o la tortura
seguir en pie
quiere decir coraje
o no tener
donde caerse
muerto
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Série "Idéias Bizarras"

- Túnel pra ligar a Bolívia ao mar: 150km percorrendo o Chile e o Peru, terminando em uma ilha artificial construída com resto de obras. Demoraria 10 anos pra construir. Um ministro boliviano quando ouviu a proposta ficou alguns minutos rindo...
- Francês que envenenava lentamente a amante colocando gotas de arsênico na geléia só pra garantir que ela dependeria dele...
- MP 458, que prevê a regularização de lotes na Amazônia sem obrigação de recuperar área de preservação, (legitimando a grilagem)
Série "Idéias Bacanas"

- A cidade de Vauban, na Alemanha, proibiu o uso de carros. A qualidade de vida agradece...
- O índice de Felicidade Interna Bruta do Butão (virei fã)
- O vídeo da Stephany em seu Cross Fox (pra curar o mau humor)
- Vagões exclusivos para mulheres no metrô do DF (porque ninguém merece ser tomate de frutaria...)
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Em busca da felicidade no Butão

Substantivos abstratos, como aprendemos na escola, não são mensuráveis, por isso eles são abstratos... Mas a gente aprende na marra que nessa vida nada é absoluto, tudo é relativo, então segundo os meus cálculos (IEA - Instituto de Estatística da Aline), felicidade, que é um substantivo abstrato, dá pra medir sim. E o nível por aí tá bem baixo...
Se bem que o conceito de felicidade é muito complexo. O que pode significar felicidade pra mim pode não ser pro outro. Mas o fato é que felicidade é aquilo que nos faz sentir bem, um sentir bem que é pleno, mesmo por um breve momento de plenitude, se é que dá pra entender. O mundo que está diante de nós tem cada vez menos espaço pra humanidade, no sentido de nos fazer sentir humanos. E se sentir cheio de humanidade é algo diretamente proporcional à felicidade.
Pois nesses tempos de crise econômica eu queria é morar no Butão, um reino budista encravado no Himalaia. Lá não tem PIB, tem FIB – Felicidade Interna Bruta. O primeiro-ministro do grande Butão (tem 700 mil habitantes no total), por exemplo, já afirmou que é preciso investir no FIB, que a crise é o resultado dessa dedicação total ao desenvolvimento econômico.
No grande Butão, o governo cria condições para o FIB. Setenta e dois indicadores analisam o nível de felicidade da população. Por exemplo, é medido quanto tempo cada pessoa passa com a família, no trabalho, no lazer e etc! Já pensou?! ALGUÉM se importar se você está feliz?!
Vida longa ao Butão!
Dá um trabalhão chegar no Butão
Não há vôos diretos do Brasil. O país só tem um aeroporto, na cidade de Paro, e pra chegar lá é preciso fazer conexão em Bangcoc (Tailândia) ou em Nova Déli (Índia). E tem de ter visto.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Cão em corpo de gato
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O Fred, por exemplo, o gato da minha irmã (que eu só chamo de Gatinho e ele atende numa boa) é gente fina, mas nasceu no corpo errado. Tem gente que tem problemas de sexualidade, o Fred tem problema de “especialidade”, ele nasceu na espécie errada. Era pra ser cão, mas é gato.
Os cães latem quando querem chamar a atenção pra alguma coisa. O Fred mia. É um miadinho bem esganiçado e insistente. Ele mia quando quer sair. Mia quando quer comer, mia quando quer atenção, mia quando quer brincar, até pra fazer xixi ele mia. Ele definitivamente mia, mia, mia.
Os cães mordem, os gatos se defendem com suas garras afiadas. Mas o Fred morde! Ele morde tudo: mãos, pés, bolsas, sapatos, tapetes, enfim, tudo. Eu nunca tinha visto um gato morder, mas o Fred morde e eu nunca o vi mostrar as garras pra ninguém. Ele morde.
A gente chama um cão com um assobio. Eu chamo o Fred com dois psiu e ele vem, que nem um cãozinho. Da minha casa pra casa da minha irmã deve haver uma distância de, no máximo, cinco metros (ela é minha vizinha da frente) e quando eu o chamo pra ir lá em casa, com os dois psiu ele vai, numa boa.
Os cães andam em coleiras. O Fred não precisa, ele obedece ao comando da voz, a não ser quando sai correndo que nem um cão enlouquecido pelas escadas andar acima. A gente mora no primeiro andar e ele já correu até o sexto, brincando de pique-pega. Ele corre, dá uma paradinha e olha pra trás conferindo se tá todo mundo atrás dele, se não tiver, ele espera... Nessas horas os dois psiu não adiantam...
Depois de todos esses elementos, acredito que o Fred sofra um bocado. Eu, por exemplo, dou a maior força pra ele, já que não tem jeito de transferi-lo pra outro corpo, tento estimular sua personalidade canina...