domingo, 31 de maio de 2009

Tudo passa


Um ano atrás escrevi no meu celular uma mensagem para que todas as vezes que o ligasse, lesse: TUDO PASSA. Eu escrevi na esperança de que tudo, em um momento que tudo acontecia, passasse. Uma vez li em uma revista que mandar mensagens para o cérebro o ajudaria a entender e repassar a ideia do que se queria. Mandei. A cada vez que ligo o celular, as duas palavras aparecem com toda força, precisas. Alguém um dia me disse que, na pior das hipóteses, tudo passa, o que se tornou muito útil nos dias e noites de tormenta, porque além de mantra virou esperança. E esperança, como se sabe, nunca morre. Hoje eu liguei o celular e lá estava a mensagem. E eu chorei com um pouco de alegria e um pouco de tristeza porque pela primeira vez entendi que tudo, afinal, passa.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Da série "Pra morrer de rir"


Dizem que o bom da globalização é que tudo acontece ao mesmo tempo agora... Eu vou até concordar nesse caso: se não fosse por ela quando iríamos saber que três mil universitários do Reino Unido resolveram bater o recorde mundial de maior encontro de smurfs.?! O que aliás superou uma galera da Irlanda do Norte, que colocou mil azuizinhos nas ruas no ano passado...
Atenção na smurfete no centro da foto!!!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Descoberto o mecanismo da chatice


Foram necessárias décadas de pesquisa, todas muito chatas, para que tão importante descoberta se concretizasse. Dr. Gino, além de gênio do ramo da ciência genético-comportamental, tinha um bom motivo para romper as barreiras do desconhecido: sua mulher era muito chata, tanto quanto poderia sonhar qualquer filosofia.

O caso da Sra. Gino era espetacular. Ela era chata como um bêbado inconveniente, nunca sabia a hora de parar. Era uma chateação constante em casa, no trabalho, com os vizinhos, no supermercado e até na cama, com o marido, porque amante nenhum suportaria mulher tão insuportável. O problema é que a Sra. Gino contagiava os outros com sua chatice e isso sim era insuportável.

Nem mesmo a etiqueta social podia agüenta-la. Épocas de festas, aniversários e afins de conhecidos e parentes eram desesperadoras (para os conhecidos e parentes, claro). Convites tinham apenas o nome de Dr. Gino, um recado explícito para que deixasse sua desagradável mulher em casa. E se a tal comparecia (de vez em quando algum bom samaritano com crise de consciência a convidava), havia sempre um cantinho bem escondido para acomodá-los, pelo bom andamento da festa.

É muito difícil definir a chatice. O que pode ser dito é que ela se torna um estado permanente em alguns seres que se arrastam pela existência a chatearem o próximo sem se importarem com isso. Quem nunca teve um amigo chato, que atire a primeira pedra. Chato é aquele que manipula a conversa no bar com histórias insuportáveis de feitos impossíveis e que ninguém agüenta mais ouvir. Chato é aquele que NINGUÉM quer dar carona. Chato é aquele que nunca se anuncia para não atraí-lo...

Pois a Sra. Gino era tudo isso e muito mais. Ela era tão chata que no sexo sempre pedia rapidez porque tinha de acordar cedo, nem fingia mais o gozo para não se atrasar e depois do ato ainda fazia cara de quem comeu bolacha cream cracker amanhecida há três dias.

Com tal mulher em casa, Dr. Gino, cientista de boa reputação internacional e uma séria intenção, resolveu pesquisar o mecanismo da chatice. Foram quase 30 anos de investigação e milhares de dólares gastos, porque, ao que parece, chatice é uma questão de saúde pública. A descoberta levou Dr. Gino, um homem de meia-idade bastante carismático, ao fundo da questão: não era a genética e muito menos a educação que criavam a chatice, mas o próprio indivíduo.

A chatice, escreveu em seu artigo publicado na revista Human Nature, referência mundial em descobertas comportamentais, era um sistema de defesa que, assim como os glóbulos brancos no organismo, defendiam o ser humano dos ataques. Mas a chatice, descreveu, era uma falha, uma doença autoimune.

A pesquisa de Dr. Gino causou comoção na comunidade científica internacional, o que lhe garantiu convites para universidades conceituadas e investimentos em futuros trabalhos. Empolgado com o sucesso repentino, certo dia, Dr. Gino chegou em casa e preparou o jantar, comprou um bom vinho, encomendou a sobremesa e na hora do cafezinho pediu o divórcio depois de 30 anos de casado. Afinal, já tinha descoberto o mecanismo da chatice da mulher e a culpa não era dele...

terça-feira, 26 de maio de 2009

Horóscopo sucks



Tem coisa mais ridícula e mentirosa que horóscopo?! A pergunta que não quer calar é: então por que eu leio todo dia?

Deu no meu horóscopo de hoje:

"Um dos melhores dias do mês pra você, do ponto de vista mental e espiritual. Emocionalmente, será importante cuidar pessoalmente de sua imagem, pois você tende a reagir com muita instabilidade. Suas ambições são problema seu; hoje se trata de agir em consonância ao grupo."

Ah, tá... Bom saber que tudo é problema meu... que a coletividade se f... Vou ler o de amanhã, pra ver se tem algo de mais positivo escrito nas estrelas pra mim.

sábado, 23 de maio de 2009

Natal ideológico


- A gente podia criar um cartão de natal pra distribuir pros amigos.

- Mas ainda estamos em maio...

- Então, o bom é que ainda temos tempo de criar

- Eu achei que você fosse comunista...

- E daí?

- Pelo que eu saiba Karl Marx não acreditava em Deus... e nem você

- Mas pode ser um cartão de natal ideológico!

- Ah, e diríamos o quê: “Trabalhadores do mundo, Feliz Natal!” ou então “De pé ó vítimas da fome! Feliz Natal!”

- Não, poderia ser uma mensagem positiva de natal, pra ajudar as pessoas a enfrentar o fantasma da crise que ronda o mundo


- Se você quisesse fazer um cartão de 1º de Maio eu entenderia, o que eu não entendo é porque tem de ser o natal

- É porque 1º de Maio já passou e eu quero o de natal

- Mas no natal o que comemoram é o nascimento de Cristo

- Quem inventou isso foram os cristãos

- Sim, e é por isso que eles comemoram...

- Eu posso desconstruir o conceito de natal e tirar esse quê mercadológico e fetichista

- Não, não pode. Natal é natal, não adianta forçar a barra

- Afinal, você está contra ou a favor?

- Eu só estou questionando. Vem cá, de onde você tirou essa idéia?

- Um colega de trabalho me mostrou o cartão de Natal que ele fez no ano passado e distribuiu para os amigos por email

- E era ideológico?

- Claro que não, só tinha um trecho de poesia que ele escreveu

- E você resolveu imitar por quê?

- Porque eu falei pra ele que eu poderia fazer muito melhor

- E o que você ganharia em fazer um cartão de natal melhor do que o dele???? Você por acaso acabou de sair do jardim de infância?! E pelo que eu saiba você nem poeta é...

- Mas eu posso fazer um cartão ideológico, sem poesia...

- Essa é uma das ideias mais ridículas que já ouvi vindas de você

- Tudo bem, mas você vai me ajudar ou não a pensar num cartão de natal?!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Meus grandes amores...


Me inspiro nos “grandes”. Nas grandes histórias, nos grandes escritores, nas grandes experiências. Até nos grandes amores, porque eles existem. E são grandes porque mudaram a vida dos amados e porque duraram tanto tempo quanto o tempo pode aguentar e porque eles sobreviveram às tormentas. Pois três grandes amores abalaram meu mundo para sempre:


Pablo Neruda e Matilde Urrutia


Eles se conheceram em 1946, voltaram a se encontrar em 1949 e nunca mais se largaram. Neruda era casado, mas amou Matilde e Matilde o amou ainda assim. Poucos anos depois, o poeta se separou e pediu licença à lua para casar-se com Matilde. Em 1959, ele escreveu Cem Sonetos de Amor, todos dedicados a Matilde. Ele morreu em 1973, de câncer, e um tempo antes escreveu um dos versos mais bonitos que já li, e era para Matilde: “Foi tão bom viver enquanto tu vivias...”


Mario Benedetti e Luz López Alegre


Ele conheceu Luz em 1937, quando tinha 17 anos. Casaram-se em 1946 e segundo ele, era uma vantagem e um investimento ter uma esposa com nome tão iluminado... Ela o acompanhou durante os 12 anos de exílio, fugindo da ditadura militar no Uruguai. Anos depois, Luz esquecia-se de apagar as luzes de casa, tendo a certeza de que apagava... já estava com Alzheimer...Benedetti cuidou de Luz até 2006, quando ela partiu. No último domingo, ele se foi também.


José Saramago e Pilar del Rio


Quando se conheceram ele tinha 64 anos e ela, 36. Em 1986, ela comprou e devorou um livro chamado Memorial do Convento. Dias depois, passou na livraria e comprou todos os livros do autor. Ela, jornalista, quis entrevistá-lo. Ela era de Sevilha, ele de Lisboa. A entrevista durou uma tarde inteira de conversa. Um dia, ele escreveu a ela que se as circunstâncias da vida dela permitissem, iria visitá-la. E as circunstâncias da vida dela permitiram. Ele acredita que Pilar é o seu definitivo amor... e ela gostaria que o clonassem...

Pollyannando...


Nunca me expliquei tão bem como John Reed e ninguém nunca me explicou tão bem...

"Devo encontrar a mim mesmo de novo. Alguns homens parecem encontrar seu destino desde cedo, crescendo naturalmente e com poucas mudanças em direção ao que virão a ser. Mas eu não tenho idéia do que serei ou farei daqui a um mês.

Toda vez que tentei ser algo, fracassei; foi somente ao vogar com o vento que me encontrei, e que mergulhei alegremente em um novo papel. Descobri que só me sinto feliz ao trabalhar intensamente em algo de que gosto.

Nunca me detive por muito tempo em algo que não me agradasse; e agora nem poderia fazê-lo, ainda que quisesse; por outro lado, há bem poucas coisas que não me dão prazer, nem que seja apenas a novidade da experiência.

Amo as pessoas - exceto as esnobes de barriga cheia - e me interesso por todas as coisas novas, velhas e belas que são criadas. Amo a beleza, o acaso e a mudança, não mais tanto no mundo exterior, porém muito dentro de minha mente. Suponho que sempre serei um romântico. "

terça-feira, 19 de maio de 2009

Aventura em Barcarena


Dia desses, alguém falou de Barcarena. Segundo o Wikipédia, Barcarena tem 102 mil habitantes é “um importante pólo industrial, onde é feita a industrialização, beneficiamento e exportação de caulim, alumina, alumínio e cabos para transmissão de energia elétrica”. Sei lá se dá pra confiar no Wikipédia, mas o que eu lembro de Barcarena é outra coisa. Eu lembro da Vovó Neném levando a gente pra uma aventura na selva, em Barcarena.

Em 1993, eu estava de férias em Belém e Vovó Neném chegou com a novidade: íamos para Barcarena.

- Barcarena?

Vovó explicou que era um lugar idílico do Pará, uma cidade de praia. Praia? De rio, claro. E explicNegritoou também o roteiro: primeiro pegava uma balsa, depois um ônibus e aí, pronto! Já era Barcarena...

Lógico que não foi bem assim. Até a parte da balsa, tudo lindo. Foi quase como a abertura da novela Pantanal sem a Isadora Ribeiro (só que no caso era na Amazônia). Teve boto (não era cor-de-rosa), papagaios, natureza exuberante.

Aí a lindeza acabou. Foi só pedreira mesmo, porque descobri que o ônibus até Barcarena não passava por estrada de asfalto (porque ela não existia...), passava por uma clareira aberta no meio da floresta. Mas o pior era o ônibus em si, que lembrava, sinceramente, aqueles dos filmes do Indiana Jones cobertos por tanta poeira que mal se viam. Lá dentro tinha tudo, galinha, criança chorando, porco, cachorro, menos lugar pra sentar.

Entre trancos e barrancos (literalmente), o ônibus chegou a Barcarena. E Barcarena não era um lugar idílico. Tinha uma rua principal e algumas casas, todas iguais. E a praia. Me explicaram depois que as casas pertenciam a uma empresa que extraía alumínio da região, porque, claro, pelo menos nessa época eu imagino que convencer alguém a morar em Barcarena só oferecendo o impossível. Bem, Barcarena cresceu, está como a foto e até virou pólo turístico.

Hoje eu confesso: não foi divertido ir pra Barcarena. Mas eu nunca falei pra Vovó. Essas seriam as últimas férias que passaríamos com ela. E foi uma aventura...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Poetas nunca morrem


Mario Benedetti, o poeta uruguaio, morreu ontem. Mas não morrerá nunca. Os poetas nunca morrem, eles se eternizam aconchegadamente em nossas estantes e até mesmo em nossos corações. Talvez por isso os poetas não se assustem diante da escuridão.

José Saramago, em seu blog perguntou: Que era em verdade Mario Benedetti, que havia sido ele em toda a sua vida, muito mais que as múltiplas profissões exercidas? Poeta.

Benedetti dizia que a poesia é “uma drenagem da vida/ que ensina a não temer a morte". E, assim, ele se foi. Mas ficará para sempre.

Vida longa a Benedetti!

En Pie

Sigo en pie
por latido
por costumbre
por no abrir la ventana decisiva
y mirar de una vez a la insolente
muerte
esa mansa
dueña de la espera

sigo en pie
por pereza en los adioses
cierre y demolición
de la memória

no es un mérito
otros desafían
la claridad
el caos
o la tortura

seguir en pie
quiere decir coraje

o no tener
donde caerse
muerto

(Mario Benedetti)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Série "Idéias Bizarras"


  • Túnel pra ligar a Bolívia ao mar: 150km percorrendo o Chile e o Peru, terminando em uma ilha artificial construída com resto de obras. Demoraria 10 anos pra construir. Um ministro boliviano quando ouviu a proposta ficou alguns minutos rindo...

  • Francês que envenenava lentamente a amante colocando gotas de arsênico na geléia só pra garantir que ela dependeria dele...

  • MP 458, que prevê a regularização de lotes na Amazônia sem obrigação de recuperar área de preservação, (legitimando a grilagem)

Série "Idéias Bacanas"


  • A cidade de Vauban, na Alemanha, proibiu o uso de carros. A qualidade de vida agradece...

  • O índice de Felicidade Interna Bruta do Butão (virei fã)

  • O vídeo da Stephany em seu Cross Fox (pra curar o mau humor)

  • Vagões exclusivos para mulheres no metrô do DF (porque ninguém merece ser tomate de frutaria...)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Em busca da felicidade no Butão


Substantivos abstratos, como aprendemos na escola, não são mensuráveis, por isso eles são abstratos... Mas a gente aprende na marra que nessa vida nada é absoluto, tudo é relativo, então segundo os meus cálculos (IEA - Instituto de Estatística da Aline), felicidade, que é um substantivo abstrato, dá pra medir sim. E o nível por aí tá bem baixo...

Se bem que o conceito de felicidade é muito complexo. O que pode significar felicidade pra mim pode não ser pro outro. Mas o fato é que felicidade é aquilo que nos faz sentir bem, um sentir bem que é pleno, mesmo por um breve momento de plenitude, se é que dá pra entender. O mundo que está diante de nós tem cada vez menos espaço pra humanidade, no sentido de nos fazer sentir humanos. E se sentir cheio de humanidade é algo diretamente proporcional à felicidade.

Pois nesses tempos de crise econômica eu queria é morar no Butão, um reino budista encravado no Himalaia. Lá não tem PIB, tem FIB – Felicidade Interna Bruta. O primeiro-ministro do grande Butão (tem 700 mil habitantes no total), por exemplo, já afirmou que é preciso investir no FIB, que a crise é o resultado dessa dedicação total ao desenvolvimento econômico.

No grande Butão, o governo cria condições para o FIB. Setenta e dois indicadores analisam o nível de felicidade da população. Por exemplo, é medido quanto tempo cada pessoa passa com a família, no trabalho, no lazer e etc! Já pensou?! ALGUÉM se importar se você está feliz?!

Vida longa ao Butão!

Dá um trabalhão chegar no Butão

Não há vôos diretos do Brasil. O país só tem um aeroporto, na cidade de Paro, e pra chegar lá é preciso fazer conexão em Bangcoc (Tailândia) ou em Nova Déli (Índia). E tem de ter visto.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cão em corpo de gato


Eu gosto de gatos. Quando era criança diziam que os gatos eram traiçoeiros, mas eu cresci, vivi e descobri que traiçoeiras são as pessoas... Os gatos são legais...

O Fred, por exemplo, o gato da minha irmã (que eu só chamo de Gatinho e ele atende numa boa) é gente fina, mas nasceu no corpo errado. Tem gente que tem problemas de sexualidade, o Fred tem problema de “especialidade”, ele nasceu na espécie errada. Era pra ser cão, mas é gato.

Os cães latem quando querem chamar a atenção pra alguma coisa. O Fred mia. É um miadinho bem esganiçado e insistente. Ele mia quando quer sair. Mia quando quer comer, mia quando quer atenção, mia quando quer brincar, até pra fazer xixi ele mia. Ele definitivamente mia, mia, mia.

Os cães mordem, os gatos se defendem com suas garras afiadas. Mas o Fred morde! Ele morde tudo: mãos, pés, bolsas, sapatos, tapetes, enfim, tudo. Eu nunca tinha visto um gato morder, mas o Fred morde e eu nunca o vi mostrar as garras pra ninguém. Ele morde.

A gente chama um cão com um assobio. Eu chamo o Fred com dois psiu e ele vem, que nem um cãozinho. Da minha casa pra casa da minha irmã deve haver uma distância de, no máximo, cinco metros (ela é minha vizinha da frente) e quando eu o chamo pra ir lá em casa, com os dois psiu ele vai, numa boa.

Os cães andam em coleiras. O Fred não precisa, ele obedece ao comando da voz, a não ser quando sai correndo que nem um cão enlouquecido pelas escadas andar acima. A gente mora no primeiro andar e ele já correu até o sexto, brincando de pique-pega. Ele corre, dá uma paradinha e olha pra trás conferindo se tá todo mundo atrás dele, se não tiver, ele espera... Nessas horas os dois psiu não adiantam...

Depois de todos esses elementos, acredito que o Fred sofra um bocado. Eu, por exemplo, dou a maior força pra ele, já que não tem jeito de transferi-lo pra outro corpo, tento estimular sua personalidade canina...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Nada é impossível de mudar


A minha geração, escreveu uma amiga dia desses, está cheia de ilusões vazias.

A minha geração se diverte com filmes ousados e inteligentes, pensando que algum dia, quem sabe, eles mudem a forma dos outros pensar. A minha geração gosta de música que tenha algum sentido e resista ao que todo mundo já sabe. A minha geração sai pra comer semanalmente fast food reclamando que os fast food são símbolo de um modo de vida que ela, a minha geração, já adotou faz tempo e nem se dá conta.

A minha geração está insatisfeita, mas nunca parou pra pensar em ousar fazer diferente. Ou porque está perdida no meio de um mundo que se impõe diante de nossos olhos.

A minha geração não precisou lutar para conseguir o que quer, porque sequer sabe o que realmente quer. A minha geração se acostumou a ver a luta dos outros, a apoiar a luta dos outros, a achar que tudo é uma questão de acomodação, a refletir sobre a mobilização e a falta dela, a achar que falta alguma coisa nesse quebra cabeça de mundo. Mas a minha geração não faz esforços para descobrir que raio de peças são essas, que faltam, que não se encaixam, que podem mudar a figura do jogo...


Aí, eu pensei nessa poesia do Bertold Brecht e que me deu esperanças...


Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.