
Hoje eu gritei dentro do carro. Foi um grito visceral, direto das entranhas, no meio da Estrutural. O vidro estava fechado então não passei por louca-total. E foi bom. Sabe o que é, a vida moderna me engole, me oprime, me sufoca. Já não aguentava mais, então gritei. Foi um grito de liberdade. E gritei duas vezes.
Agora entendo as pessoas que têm surtos psicóticos no decorrer da existência. Elas não gritaram alto, um grito que vem de dentro do estômago pra tirar aquele nó da garganta, o vazio no peito, a confusão dos pensamentos que se apossam delas. Elas aceitaram todas as cobranças do mundo sem pestanejar. Nem um gritinho. Nada. Aí, olha só o que acontece: dor na coluna, dor no dente, dor no estômago dor de cabeça, dor de viver! Ai!
Reivindico agora meu direito à preguiça. Digo não ao mundo do trabalho. Digo não às cobranças da modernidade.
E por incrível que pareça, o que Paul Lafargue escreveu no século XIX em seu “Direito à Preguiça” continua valendo:
“Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo”
3 comentários:
E o que está esperando para exercê-lo...
Me identifiquei total com esse post, amiga... Por que será? ;)
É por isso que o ócio criativo foi aposentado! Amiga, eu tô precisando dar mais gritos assim. Volta e meio o faço, mas acho que o estresse tá pegando de um jeito que terei de ficar rouca de tanto me esguelar...
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