segunda-feira, 18 de abril de 2011

Gosto e Não Gosto


Não gosto de tempo. Não gosto de chuva. Não gosto de lágrimas. Não gosto de perder pessoas. Não gosto de avião. Não gosto de brigadeiro. Não gosto de dirigir. Não gosto de esperar. Não gosto de ser enganada. Não gosto de pentear o cabelo. Não gosto de ficar triste. Não gosto de lavar tênis. Não gosto de pequi.

Em compensação: Gosto do vento quando sopra na praia. Gosto de banana. Gosto de verão. Gosto de Saramago, de Neruda, de Sophia de Mello Breyner. Gosto do som da guitarra. Gosto de rock. Gosto de Rolling Stones. Gosto de samba. Gosto de percussão. Gosto de Roberta Sá. Gosto de pão com manteiga e leite com toddy. Gosto de conhecer pessoas. Gosto de gostar de alguém. Gosto de ser gostada. Gosto de fazer silêncio e fechar os olhos pra ouvir o barulho dos outros. Gosto de pôr do sol. Gosto de nuca de homem. Gosto de esmalte colorido. Gosto de nadar. Gosto de mar. Gosto do gosto do mar. Gosto de capoeira. Gosto de beber cerveja quanto tá muito calor. Gosto de ver os outros dançar. Gosto de plástico bolha. Gosto do cheiro de plástico. Gosto de cupuaçu. Gosto de lavar banheiro. Gosto de pastel de banana com canela.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Não me peça o que eu não quero te dar


O texto não é meu, é da Nina Lemos do 02neuronio a parte boa é que mulher quando vira mulher, manda pastar rapidinho uma figura dessas...

“ Desde o começo você sabia que ia ser assim. Não me venha reclamar agora. Não me venha cobrar, pedir o que eu não posso dar. Os meus problemas são meus e você não tem nada ver com isso, não me importa que você chupe o meu pau segundas, quartas e sextas, não me importa que a gente comente o noticiário junto todos os dias.
Não me importa que você mergulhe nos meus conflitos, que eu massageie os seus pés, que a gente se encontre aos sábados debaixo do cobertor, que eu viaje de férias com a família e que você visite meus parentes.Você freqüenta a copa mundial infantil para me fazer companhia ? E dai? Isso lhe dá algum direito?
Quem você pensa que é para se meter na minha vida assim, para exigir de mim qualquer coisa que seja, um grande amor, um crime passional?”
Ela engoliu o resto de choro.
“Ah, não acredito! Ficou chateadinha!”

terça-feira, 5 de abril de 2011

Hoje


Hoje choveu, mas fez um dia lindo. Hoje eu me sinto livre. Hoje eu não fui pro espanhol pra comer clandestinamente pizza com queijo. Hoje teve manifestação e engarrafamento. Hoje eu sorri pelo canto da boca só pra não gargalhar com vontade. Hoje eu tentei sorrir com o fígado mas não consegui. Hoje eu trabalhei com vontade de só ficar nos devaneios mais absurdos no horário de expediente. Hoje eu tentei meditar e depois de dez minutos minha mente virou um zoológico, cheio de bicho exótico. Hoje eu quase consegui ser sensual mentalmente. Hoje eu fui mázinha por dentro. Hoje eu fiquei irritada e me rebelei entrando no youtube pra assistir um vídeo engraçado. Hoje eu descobri que eu adoro ouvir a palavra “fuça” porque eu morro de rir todas as vezes em que a ouço. Hoje eu escutei um monte de gente. Hoje eu falei pra burro numa reunião que era pra ser chata. Hoje eu fui tão feliz...

sábado, 2 de abril de 2011

Eu


Acordou se sentindo indefesa, fraca, inadequada. Ressentida, enraivecida, invejosa. Pequena, ultrapassada, conservadora, careta. Rejeitada, culpada, envergonhada. Impaciente, irritada, paranóica. Sarcástica, maldosa, sombria. Insegura, medrosa, vítima. Mal humorada, intolerante, ansiosa. Má ouvinte, falastrona, equivocada.
No espelho, diante do olhar de reprovação, disparou:
- O que foi? Eu também sou assim! - e bateu a porta do banheiro. Também era mal educada.
Quando saiu de casa, a caminho do trabalho, deu de cara com aquele céu de brigadeiro. Avassalador. Constrangedoramente iluminado. Saiu sob o sol inclemente de um dia maravilhoso que começava assim-assim.
Chegou no trabalho assobiando um samba encantado de tão animado.
E o chefe: - O que foi?
- Nada. Eu também sou assim. - e continuou no sambinha alegre, despreocupado, leve, lindo,loucamente enrabichado pelos mistérios muito misteriosos do contentamento.