terça-feira, 30 de junho de 2009

Tempo, tempo, tempo


Hoje eu não tenho tempo pra você. Também não tenho tempo pra mim. Acordei sem tempo pra ir ao banco, tive pouco tempo para fazer exercícios. Meu tempo não me permitiu resolver os problemas do dentista. Almocei correndo, porque o tempo também estava. Cheguei no trabalho com pouco tempo para ver meus emails e falar com meus amigos. Minha mãe me ligou, mas não tive muito tempo pra falar com ela. O tempo não existe, é abstração, então veio alguém com muito tempo pra inventar a medir o tempo. Na medida, vieram junto a angústia, a ansiedade e a falta de tempo.

Sobrando tão pouco tempo no mundo, luxo mesmo é ficar sentado na grama, sob a luz do sol da manhã, desconhecendo qualquer tempo e aproveitando o silêncio de não fazer nada a não ser ter tempo...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dentro do contexto


Ontem eu assisti ao programa da Oprah (Winfrey) e fiquei sabendo que a Lorena Bobbit – aquela que cortou o pênis do marido enquanto ele dormia e jogou o pedaço fora – era abusada pelo marido. Na época, infelizmente, eu não dei muita bola para o acontecimento porque achei a notícia meio piadística, e também porque eu era uma adolescente que estudava loucamente para o vestibular, por isso meu mundo era meio restrito.

Mas ontem finalmente entendi o drama de Lorena (fiquei íntima). O ex-marido, além de bater, depreciava a mulher verbalmente todos os dias. Era um inferno cotidiano a vida dela. Na noite em que ela cortou o pênis dele, ela tinha sido estuprada pelo companheiro. Depois só viu pela frente os insultos e surras que havia recebido durante tanto tempo. Não hesitou e cortou o dito cujo do homem com uma faca de cozinha. Cortou, jogou fora e saiu dirigindo pela cidade com a faca nas mãos.

O mais impressionante, porém, foi ela admitir que vivia um ciclo perverso: o da vítima de violência doméstica. “Eu tinha medo de ir embora, além disso, ele dizia que ia mudar e eu acreditava nele, acreditava que podia salvar meu casamento”, contou. A Oprah perguntou se hoje ela faria algo diferente. “Nunca teria me casado com ele”, disse, com a certeza de quem fechou um ciclo.

O ex-marido fez filme pornô (reimplantaram o órgão dele) e outras mediocridades artísticas. No ano passado, mandou cartão de Natal. “Vocês mantêm uma relação cordial?”, perguntou a Oprah. “Você está louca?! Eu não quero vê-lo na minha frente nunca mais!”, respondeu Lorena, que é casada há 14 anos, tem uma filha de 2, e faz parte de uma ONG que ajuda mulheres vítimas de violência doméstica.

E a vida segue...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Au revoir


Só pra constar: quando o Michael Jackson lançou a moda de dançar pra trás com sapatilha preta e meia branca eu obriguei a minha mãe a comprar uma igualzinha pra mim. O problema é que a preta já tinha acabado e ela comprou uma verde-limão... Aí perdeu a graça de aprender a dançar pra trás...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Telessexo a baixo custo


Mais uma da globalização. Deu no El País (juro): “Empresas de telessexo se instalam no Marrocos para baixar os custos”. O negócio é o seguinte: como na França o trabalhador custa caro porque lá ele ainda tem alguns direitos, o jeito é ir pro Marrocos, onde a empresa paga o equivalente a 1,9 euros por hora diurna e 2,55 por hora noturna. Um funcionário que trabalhe 40 horas semanais ultrapassa os 330 euros por mês, um terço do que ganharia na França. O país é muçulmano, mas como comprova a história econômica em qualquer século, Deus é bom, mas ter o que comer é melhor ainda.

Ou seja, a essa altura, com certeza, em qualquer outro lugar do mundo dos "países emergentes” tem alguém fazendo o que você faz ganhando menos da metade do que você ganha.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Tarzan


Hoje eu gritei dentro do carro. Foi um grito visceral, direto das entranhas, no meio da Estrutural. O vidro estava fechado então não passei por louca-total. E foi bom. Sabe o que é, a vida moderna me engole, me oprime, me sufoca. Já não aguentava mais, então gritei. Foi um grito de liberdade. E gritei duas vezes.

Agora entendo as pessoas que têm surtos psicóticos no decorrer da existência. Elas não gritaram alto, um grito que vem de dentro do estômago pra tirar aquele nó da garganta, o vazio no peito, a confusão dos pensamentos que se apossam delas. Elas aceitaram todas as cobranças do mundo sem pestanejar. Nem um gritinho. Nada. Aí, olha só o que acontece: dor na coluna, dor no dente, dor no estômago dor de cabeça, dor de viver! Ai!

Reivindico agora meu direito à preguiça. Digo não ao mundo do trabalho. Digo não às cobranças da modernidade.

E por incrível que pareça, o que Paul Lafargue escreveu no século XIX em seu “Direito à Preguiça” continua valendo:
“Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Poema weekend

Instantes

Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio

(Sophia de Mello Breyner)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sou jornalista, quem dá menos?

Por favor, não me chamem de jornalista, porque eu sou chef de cozinha. Dr. Gilmar garantiu que “um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”, assim como o jornalista.

A liberdade de imprensa pressupõe responsabilidade e não a falta do diploma para existir. O fato é que agora milhares de jornalistas estão órfãos de sua profissão e se perguntando por que passaram quatro anos em uma universidade para se graduar em uma profissão que não precisa de diploma algum.

Guardo lá em casa meu diploma de Bacharel em Comunicação com habilitação em Jornalismo, aliás sempre achei bem bonitinha essa designação. Agora ela é só bonitinha mesmo, porque sua função se foi com os votos do Supremo, assim como se foram meus sonhos de dignidade quando dizia Sou Jornalista. Só que agora eu não posso ser o que quiser (pra isso eu tenho que ter graduação em uma profissão), mas qualquer um pode ser o que eu sou...

Então essa é uma boa hora pra mudar de profissão, já que ela não existe mais.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Amapá não existe em SP

"A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo vai recolher um dos mapas que distribuiu em fevereiro deste ano. Segundo a mesma não está demarcada a divisa entre os Estados do Pará e do Amapá. Além disso, o Estado do Amapá está identificado de maneira incorreta. Há, ainda "outras incorreções gráficas": "as linhas divisórias entre os Estados encontram-se ligeiramente deslocadas em relação à base hidrográfica".

Dúvida que não quer calar: quem faz a escolha dos livros de São Paulo?

a) um americano
b) o inventor do WAR
c) um cego
de) um ex-participante do Show do Milhão

terça-feira, 16 de junho de 2009

Vem cá cintura fina, cintura de pilão


Minha mãe tem uma certa obsessão pela cinturinha de pilão. Eu acho que ela já fez de tudo pra ter cintura de vedete. Não sei qual a razão, mas minha avó também tinha o mesmo problema.

Não que ela tenha cintura de ovo, mas ela sempre quis ter de violão. Desde criança ela me ensina truques pra ter a-que-la cinturinha, mas o fato é que eu nunca vou ser uma Scarlett Johansson em termos de cintura (e nem de todo o resto).

Houve época em que minha mãe usou a técnica do cabo de vassoura junto com alongamento lateral (época Jane Fonda). Ela acordava cedo todo dia e ligava a tevê no canal 2 pra fazer a ginástica com o cabo de vassoura. Depois veio a fase do exercício da rotação, rodando o tronco com as pernas abertas e a mão na cintura,de um lado pra outro, mil vezes por dia. Ainda teve o período das “pences”nas roupas pra iludir o olhar.

Eu já sou trintona e a minha mãe continua obcecada pela cinturinha. Dia desses, ela me confessou que tinha comprado uma cinta do Tevêshop. Ela é viciada em Tevêshop e uma propaganda a convenceu depois de um depoimento muito mal dublado de uma gordinha que dizia: “Estou vestindo dois números a menos!”. Foi batata, ela comprou a cinta.

Animada, ela foi trabalhar vestida de cinta, sonhando com sua cinturinha de vespa. Minha mãe é professora de Geografia e durante a primeira aula, se achou fantástica. Na segunda aula sentiu um desconforto, mas pensou que era uma vantagem vestir dois manequins a menos. No intervalo não conseguiu conversar sentada com ninguém, o ar já lhe faltava, porque a cinta até diminuía os dois números, mas para isso acontecer apertava até o pensamento. No meio da terceira aula saiu correndo para o banheiro e com uma mistura de ira e desespero desabotoou a cinta, passou na sala dos professores e jogou-a no armário. Voltou para a sala de aula leve e feliz.

O problema é que quando ela jogou a cinta no armário passou um outro professor que testemunhou toda a cena e a cinta virou lenda. Como disse a minha mãe, a cinta afina a cintura e o juízo. Antes ter cinturinha de ovo do que cabeça de vento. E eu tô rindo até agora...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Traseiro em choque


O Brasil entrou em recessão oficialmente. O desemprego no mundo cresce com a crise econômica. Pyongyang tá na lista negra dos EUA depois de brincar de foguete nuclear. Cuba ganhou passe livre pra voltar a integrar a OEA. Na Serrolândia, estudantes da USP levaram porrada da polícia por protestar contra a falta de educação. O Bill do Kill Bill morreu. Israel já pensa em reconhecer o Estado Palestino.
Tudo isso acontecendo e eu só penso no meu traseiro inflamado e no momento do dia em que ele leva uns choques. O médico chamou de inflamação no sacro, mas pra mim o sacro é parte do traseiro. De bom grado vou às sessões de fisioterapia, abaixo as calças e levo choque. A fisioterapeuta explicou que o impulso elétrico dá um toque no cérebro e avisa que não é preciso mais sentir dor. É tão incrível que posso até me sentar. Já foram seis sessões de choque, faltam só quatro e eu ando pensando como vou viver sem isso...
Obs: Como sentar parecia uma tarefa impossível, demorei a postar por aqui...

sábado, 6 de junho de 2009

O Bill e a imprensa


Humilhante a forma como foi divulgada a morte de Bill (do Kill Bill) ou Gafanhoto (na série Kung Fu, mil anos atrás). Nem Quentin Tarantino teria sido tão criativo se tivesse escrito o ato final de Bill...

Preferi quando divulgaram que o corpo havia sido encontrado morto à declaração de que “uma corda estava presa em torno do seu pescoço e uma outra em seu órgão sexual. As duas estavam ligadas uma à outra e penduradas no armário". Segundo o general Worapong Siewpreecha da Polícia Metropolitana de Bangcoc, “nestas circunstâncias, não podemos estar seguros de que tenha cometido um suicídio, pois ele pode ter morrido (em um acidente) de masturbação".

A questão é: será que o mundo inteiro precisava saber disso mesmo?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quando eu crescer quero ser Mosuo


O povo Mosuo, no sul da China vive sob o matriarcado há milhares de anos. E vão muito bem. E quando eu crescer quero ser igual às Mosuo por cinco motivos:

1) A vida sexual dos Mosuo é muito ativa: elas trocam de parceiro com frequência. Mas as mulheres decidem com quem elas querem passar a noite.

2) O lugar onde as mulheres moram tem uma entrada principal, mas toda mulher adulta tem sua própria cabana. Os homens vivem juntos numa casa grande. Quando um homem visita uma mulher, ele pendura o chapéu nesse gancho. Dessa forma, todo mundo sabe que a mulher está acompanhada. E ninguém vai bater na porta.

3) Se uma mulher se apaixona, ela recebe apenas aquele homem específico, e o homem só vai para falar com aquela mulher.

4) Quando uma mulher Mosuo pode conversar com um homem, fazer sexo, e sair com ele, então ela está apaixonada. O amor é mais importante para elas do que o compromisso. Elas querem estar apaixonadas. O motivo para ficar com alguém é o amor.

5) As mulheres Mosuo não estão interessadas em se casar ou constituir uma família com um homem. Quando o amor acaba, então tudo está acabado. Eles não ficam juntos por causa dos filhos ou por causa do dinheiro ou outro motivo qualquer.