
A minha geração, escreveu uma amiga dia desses, está cheia de ilusões vazias.
A minha geração se diverte com filmes ousados e inteligentes, pensando que algum dia, quem sabe, eles mudem a forma dos outros pensar. A minha geração gosta de música que tenha algum sentido e resista ao que todo mundo já sabe. A minha geração sai pra comer semanalmente fast food reclamando que os fast food são símbolo de um modo de vida que ela, a minha geração, já adotou faz tempo e nem se dá conta.
A minha geração está insatisfeita, mas nunca parou pra pensar em ousar fazer diferente. Ou porque está perdida no meio de um mundo que se impõe diante de nossos olhos.
A minha geração não precisou lutar para conseguir o que quer, porque sequer sabe o que realmente quer. A minha geração se acostumou a ver a luta dos outros, a apoiar a luta dos outros, a achar que tudo é uma questão de acomodação, a refletir sobre a mobilização e a falta dela, a achar que falta alguma coisa nesse quebra cabeça de mundo. Mas a minha geração não faz esforços para descobrir que raio de peças são essas, que faltam, que não se encaixam, que podem mudar a figura do jogo...
Aí, eu pensei nessa poesia do Bertold Brecht e que me deu esperanças...
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
2 comentários:
Querida,
Em primeiro lugar, estou honradíssima de ter ajudado a apertar o botão da sua cabeça que liberou esse tantão de texto bom de ler. Incrível, você estava cheia de coisas pra dizer, pelo jeito!, tropeçou numa palavra e, hop!, saiu tudo, olha aí quanto texto esparramado desde a última segunda-feira! Vou vir aqui sempre sempre sempre. Adoro o que você tem pra dizer. Beijo.
Ah, eu nem falei que amei esse texto...! REalmente, sister, é um PRAZER ler VOCÊ. BJOS
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