
A única coisa que Frederick Herzberger e Paul Lafargue tiveram em comum foi a origem judaica. Eles não foram contemporâneos (portanto nem se conheceram), não compartilharam ideias ou ideais, não eram da mesma profissão, não nasceram no mesmo país, não falavam a mesma língua e mesmo assim quando me falaram do Herzberger a primeira coisa que me veio a cabeça foi o Lafargue. Eu explico.
Herzberger nasceu em 1923 em Boston (EUA), filhos de imigrantes judeus vindos da Lituânia. Lutou na Segunda Guerra Mundial e ajudou a cuidar da alimentação e da saúde dos judeus sobreviventes do Campo de Concentração de Dachau. Voltou aos EUa, virou psicólogo clínico e professor universitário. Morreu em 2000.
O mais importante mesmo foi que ele se tornou um dos grandes teóricos da motivação do trabalho com a Teoria dos Dois Fatores. Resumindo a teoria: os fatores higiênicos (salário, infraestrutura, ambiente) se não existirem serão desmotivadores, mas o fator motivador mesmo seria o trabalho em si. Seria mais ou menos assim: o que te deixa pra cima mesmo é o trabalho que você efetivamente faz, entendeu?
Aí entra o Lafargue. Lafargue nasceu na Jamaica em 1842, filho de pai mulato e de mãe de origem judaica e caribenha. Foi estudar na França, virou jornalista, ativista político e tão marxista que se casou com uma das filhas de Karl Marx (que a princípio não curtiu muito ter um genro mulatinho). Lafargue não foi teórico de nada, mas escreveu um manifesto genial chamado "O Direito à Preguiça" onde ironiza o "direito ao trabalho" e dá um bronca na sociedade moderna, que ficou viciada em trabalho e propõe a regulamentação de 3 horas de trabalho por dia, para que o trabalhador pudesse passar as outras horas sendo feliz.
Eu, como não sou cientista, não sei se o trabalho em si motiva alguém. Mas a ideia de ser feliz, ah, isso sim, me motiva...